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- Sua Beatificação
- Relicário
Se fosses uma mulher dos nossos dias, diríamos que es mulher de paz, porque a busca da vontade de Deus se tornou em ti alento de vida para quem te aproximava.
Não aconteceu nada em tua existência que não fosse expressão do Seu amor por ti e da tua plena disponibilidade à sua vontade.
Foi mulher amada e capaz de amar; compartilhastes a alegria do casamento e da maternidade como fossem as únicas condições a ti possíveis; provastes a dor da viuvez e da perda do filho e lestes neles o chamado a um Amor mais extensivo, totalizante e eterno. E’ assim que, através de momentos alternos de vida serena e profundamente sofrida, te deixastes conduzir e lentamente plasmar no ânimo por aquela voz interior que te consagrou religiosa para Deus e para os irmãos.
Deste início à congregação das irmãs da divina vontade em Bassano del Grappa, em 1865, e às tuas primeiras filhas pedistes de buscar sempre, em cada situação, a vontade de Deus e de fazer-se úteis ao próximo em plena gratuidade.
Ao teu coração, assim inclinado há tempo para o amor, podia também bastar uma vida de total pertença ao Senhor segundo as tradições do teu tempo, mas Deus te quis para si, para seus pobres! Colocaste a fruto os dotes naturais das quais dispunhas para aliviar os sofrimentos e as necessidades de quantos estavam entre os últimos, em tua cidade: os hóspedes do então “hospício de mendicância”, as mulheres jovens em dificuldade, os doentes a domicílio.
Continuaste a escolher os pobres, e os mais pobres entre os pobres, para narrar a fidelidade e a misericórdia de Deus como expressões inigualáveis do seu rosto. Por tudo isso, nós, tuas filhas, somos gratas a ti, porque, também por teu meio a igreja hoje goza de uma espiritualidade que a enriquece e a torna fecunda no anúncio e no testemunho da presença de Deus entre as mulheres e os homens do nosso tempo.
Escreve “O escrever, como acenei outras vezes, foi sempre uma grande satisfação ao meu espírito e o único meio de alívio nos tempos que podia ter livres, especialmente nas longas tardes de inverno. O trabalho que me foi ordenado pelo confessor de fazer exata memória das coisas que me aconteceram, especialmente a respeito do espírito, mantinha-me muito ocupada e tinha já enchidos trinta e mais fascículos de meia folha de trinta e duas páginas”. (GAETANA STERNI, Mística Ferial, p.312).
Como sabemos, a escritura pode possuir um grande poder de conhecimentos e cura de si reconhecido pelas ciências humanas. O valor terapêutico da escritura dá voz à memória que rediz aquilo que ficou na mente e no coração, abrindo um espaço capaz de fornecer sentido e procura ao “aqui e agora”.
Escrever é o lugar em que se reconstituem acontecimentos, se revivem emoções, se dá o próprio nome àquilo que de improviso aconteceu na própria vida; se identifica rostos desconhecidos e se reencontram amigos, irmãos, irmãs…
Escrever é o lugar em que se redescobre o sentido das coisas e do seu progredir; é o lugar em que transparece a verdade de si no mistério de Deus que abre à vida e a torna cheia…
Em Gaetana, a escritura foi tudo isso, mas também algo a mais. Por meio dos Escritos pude responder à graça de Deus, que reconheceu sempre presente nela e naquilo que fazia, e que abriu ao Amor misericordioso e compassivo de um Deus que está sempre da parte da vida de todos e salva todos. A ação divina que ensina interiormente Gaetana atua-se exteriormente nos escritos. Este, então, tem uma função comemorativa que atualiza no hoje de Gaetana, qualquer que seja, a lembrança da ação de Deus bom e misericordioso. Tal recordação atualizada consente à Sterni de prosseguir, mesmo na incerteza do hoje, rumo a um futuro do qual não entreve ainda os contornos precisos. Não só, mas lhe faz intuir a utilidade de tal memória também para outras pessoas, chamadas elas também a cumprir a Vontade de Deus ( cf MAZZOLINI S, Secondo il volere di dIDio, p.362).
“…numa palavra, procurais todas de conservar na Congregação o verdadeiro espírito religioso, não se proponham se não procurar em tudo a glória de Deus, o bem do próximo e a vossa santificações, convencidas que todo o resto seria, pelo menos, vão e infrutuoso …( dos Escritos, 331).
RUMO A CANONIZAÇÃO DE GAETANA STERNI
No dia 24 de abril em 2001 em Roma, nos Palácios Apostólicos, na presença do Saudoso Papa João Paulo II, se concluiu felizmente o processo pela beatificação de Gaetana Sterni, nossa Fundadora.
Em base de fundados testemunhos históricos a Igreja afirmou que esta mulher viveu a heroicidade das virtudes cristãs no matrimônio, na maternidade, na viuvez e depois na consagração a Deus nos serviços aos pobres.
A Igreja reconheceu também, como uma confirmação vinda do Alto a fama de santidade de Madre Gaetana, a milagrosa cura de uma mulher que aconteceu per sua intercessão alguns anos atrás, em Roma.
Com o projeto de um relicário para conter restos mortais de Madre Gaetana Sterni, entendo oferecer à devoção dos fiéis cristãos não somente em recipiente, mas um “sinal” que simbolicamente manifeste e conte a vicissitude histórica e a fé da Bem Aventurada.
Tal vicissitude pessoal e histórica, ligada a acontecimento e a lugares bassanenses, torna-se agora, com a solene proclamação da Igreja modelo exemplar.
O Relicário nasce de uma leitura da apreciável autobiografia de Madre Gaetana, da qual colhi alguns acontecimentos entre os eventos existenciais, indagando como a Graça Divina “veiculou” e o caminho espiritual emergiu-o modelo de santidade:
1-O Matrimônio (primeiro “anel” expresso pela forma esférica de aliança nupcial)
2-Os três filhos adotivos (a forma tripartida das raízes da Oliveira/ Os três cravos da cruz).
3-O acontecimento que se enraíza em terra bassanense, terra viçosa de oliveiras centenárias (raízes e tronco da oliveira).
4-A caridade “difusiva” da Bem Aventurada (a árvore da oliveira viçosa).
5-A vida matrimonial “partida” pelos lutos (a árvore de oliveira decepada).
6-A escolha pela vida religiosa (o segundo anel que contém os restos mortais).
7-O sofrimento na busca / obediência / conformação à Vontade Divina (a árvore da cruz plantada sobre a árvore da oliveira).
8-A imitação da paixão de Cristo servido e amado nos pobres e sofredores (os cravos que unem os dois anéis).
9-Até a perfeita conformação (os restos enxertados sobre um dos cravos da cruz).
10-O sofrimento por meio da fé é transfigurado (floresce) em Dom e Graça (os cravos tornam-se preciosas / jóias embutidas) até a perfeição das Virtudes (“ dulces clavos”).
11-De uma vida que se torna “frágil instrumento” da Graça brota inesperada a Família Religiosas das Irmãs da Divina Vontade (da árvore decepada desabrocham rebentos, ramos viçosos e frutos).
12- A Paixão de Cristo representada no drama da caridade de Madre Gaetana, repropõe a aliança e o juízo de Deus sobre o mundo que confunde os soberbos, eleva os humildes, sacia de bens os famintos (braços horizontais da cruz encurvados para a humanidade em forma de abraço/ âncora/balança).
13-Até que sete galhos adornam a árvore – cruz-Cristo (as sete famílias da Congregação).
-A caridade frutifica copiosa (os frutos na árvore) para que não falte nunca ao mundo o óleo (Crisma) da Caridade.
O material expressa simbolicamente:
-A prata (feminilidade).
-pedras preciosas amarelo-luminosas/topázio e quartzos citrinos doados pelas comunidades Brasileiras, (testemunho que se irradia luminoso).
-Pedras duras verdes (caridade fiel e vigorosa no cotidiano).
As medidas compositivas:
-Múltiplos do número três (ideal da perfeição).
A obra é integralmente executada à mão por artesões Vicentinos, (um agradecimento particular ao mestre T. Perlotto pelo tratamento do metal).
Pe. Gino Grandina.
Corte S. Eusebio.
Nota: Este Relicário se encontra na capela Madre Gaetana no Centro de Espiritualidade em Fartura – SP.